E agora, o meu corpo todo dói. Mas outrora ele estava em êxtase.
Era sempre assim depois de nossos encontros na beira do lago. Mas naquele dia, não foi um encontro qualquer. Queria eu, que não fosse o último, mas vejo que o destino não mais nos aproximará. Passamos longos instantes vendo o horizonte, nos enxergando naquela limpidez da água, e nos beijávamos por longos minutos. Pudera eu imaginar que um dia eu voltaria aqui sem você? Como é diferente o verde das arvores, como é melancólico os cantos dos pássaros sem você para me fazer rir. Parece que também já não sou mais a mesma.
Já tinha parado de beber e de fumar por conta de você, mas agora o cigarro e o conhaque são os meus companheiros noite adentro. Mudei a cor do nosso quarto – corrijo - agora ele é só meu não é verdade? Eu o pintei de branco, e só irei colorir quando alguém chegar e preencher o vazio que me deixastes.
Mas que tola sou eu, quando imagino que realmente virá alguém que poderá preencher esse vazio. Leio e releio todas as nossas cartas de amor todas as madrugadas, e quando elas não são o suficiente para te trazer pelo menos em lembrança para perto de mim, eu ligo a TV e choro até com comercial de margarina. De manhã ao acordar, evito passar perto do lugar que você sentava para ler o jornal, parece tanto com você e seu suéter azul aquele lugar que eu resolvi não mudar, quem sabe um dia acordo e encontro você sentado.
Ainda freqüento aquele mesmo restaurante italiano. É tão engraçado quando o garçom me vem com duas taças e nosso vinho predileto, e me pergunta tão cordial se não terei companhia. Em resposta sorrio negativamente, mas por dentro eu desmorono. É estranho não te ter mais por aqui. Uma vez por curiosidade eu contei os maços de cigarro que fumei numa só noite, e me pareceu passar dos dez. Nem lembro ao certo, eu estava bêbada e louca.
Quando você se foi, imaginei que iria mudar meus hábitos, que poderia ser livre, voltaria a caminhar, a malhar, iria trabalhar em paz sem me preocupar onde e com quem você estava. Isso é bobagem porque em nada mudou, eu continuo a imaginar onde e com quem você está. Só que desta vez, sei que estás longe.
Nos intervalos do trabalho eu retiro da bolsa o celular, digito seu número, mas me sinto incapaz de ligar. Sinto-me pequena, talvez pelo orgulho, pelo medo de como será seu retorno, não sei te explicar, mas eu gostaria, e muito que você voltasse.
Sabe Deus o que sua ausência me causou, o quanto eu tenho gastado em analistas, psicólogos, bares, boates e etc. Para compensar sua falta. Um absurdo engano meu, no fundo de mim sei que nada te trará de volta, e muito menos te substituirá.
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