quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Para começar Janeiro.

Já imaginou se existe algo mais doloroso do que nadar sem ver terra alguma?
 Pior que existe.
 Aquela sensação de que a tempestade já tivera acalmado você vai lentamente recolhendo os destroços do navio e de repente, surge uma nova tempestade e te afasta do solo firme mais uma vez.
Você até pensou que tivesse finalmente inteira mais uma vez, mas percebeu que ainda se há muito por remendar e consertar. Dói muito. Dói mais do que nunca ter visto horizonte algum. Esperanças despedaçadas doem mais do que não ter tido jamais esperanças. É como se a ferida agora, além de aberta mais uma vez, estivesse inflamada, estivesse corroendo o pouco de carne que ainda havia sã.
Meu Deus, quantas vezes eu tive que recomeçar, e quantas vezes eu pensei que já não haveria mais dor e eu poderia ser feliz?!! Parece que me persegue a sina de ser sempre triste, de sempre ter algo faltando aqui dentro; e isso é de longe a coisa mais melancólica que conheço.
De perto então, nem se fala.
Mais uma vez me ponho a escrever. E desta vez quero me rasgar por inteira. Sinto um enorme desespero, uma falta de ar como se o mundo estivesse se fechando em cima de mim e eu não tivesse lugar algum pra correr ou ficar em paz. Não sinto mais necessidade de ser feliz. Essa solidão, essa ausência de tudo e todos me fez ficar sóbria, sem luz alguma. Dói tanto e eu não posso fazer nada para estancar esse sangramento.
Ou melhor; ninguém pode.
Já não escrevo cartas pra ninguém, não coloco nele, nem em pessoa alguma a responsabilidade por este sentimento. Isso já está dentro de mim, eu já não consigo ver alegria alguma. É como se fosse um braço amputado, e diria que é o direito; Aquele que mais me é útil. Uma sensação de nada, de vazio, de busca pelo não sabe o quê, é o que me deixa ainda mais no fundo do poço.
Mas agora, e não em outro instante me sinto aliviada. Acho que colocar em papel aquilo que gostaria de gritar para o mundo inteiro, me faz sentir um pouco melhor e menos motivada a morrer. Espero que seja uma boa noite. Que eu durma pelo menos hoje depois de tanta insônia que me persegue. Nem desejo acordar melhor. Espero apenas acordar com vontade de viver.

2 comentários:

  1. Quebrarei suas pernas agora.. tudo é uma questão de perspectiva! Ser triste é uma questão de perspectiva! Então o segredo está aí, bem simples! Muda o ângulo de visão, muda a estratégia.. Alimentar uma dor degenerativa não traz resultados positivos, isso é óbvio! Agora só resta convencer aquela força maior que impulsiona a gente a cavar o poço... Tem uma mão aqui estendida, na borda do buraco, pra quando vc decidir subir eu puxo tá?!

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  2. O maior perigo de todos os seres humanos é acostumar a viver imerso em melancolia e sofrimento... Pq quando vc se acostuma, sofrer se torna um vicio insaciavel. Um vicio que pode ter ate abstinência. Se vc não quer ser um navio, pq a tempestade pode vir a toda hora e mais forte ainda, torna-se então um porto seguro. Portos seguros vivem somente na ânsia pela espera, e esperar muitas vezes é melhor que antecipar uma coisa, um sentimento, um acontecimento, um sofrimento imprevisto. Não se acostume a sofrer e não se acostume a esperar que as pessoas se importarão com sua dor ou farão alguma coisa para ameniza-la, pq isso não vai acontecer! Se vc quer ter alguem em quem repousar, tenha vc mesma... Vc, talvez, nunca se deixe... Só não queira mergulhar em si mesma e afogar, pq ai sim não terá volta! Texto melancolico, mas ainda assim com frases marcantes, cm "Esperanças despedaçadas doem mais do que não ter tido jamais esperanças."

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