
Era mais uma manhã daquelas em que na noite anterior eu não havia dormido nada. Chegara à conclusão de minha autoanálise. Cheguei a tantas conclusões que não cabem aqui. Cheguei à metade de abril e em quase tudo esse ano mudou e tem me mudado. Não serei ridiculamente criteriosa a ponto de dizer no que esse ano difere do outro. Apenas direi que tenho percebido mudanças em como ver o mundo e em como ver as diferenças.
Afastei-me um pouco do catolicismo, quase cheguei a crer que Deus era uma ilusão. Bobagem, bobagem, bobagem. Eu só fui ao fundo do poço, perdi a fé, experimentei da lama e pude ver que sou bem mais e melhor.
Das pessoas, estou tentando ver só o lado bom. Só o lado óbvio e pertinente que todas elas me mostram. Ou acham que mostram, porque sempre fica algo nas entrelinhas delas mesmas. Mas bem, esqueceremos as entrelinhas. Nada de ir ao fundo de alma alguma. Nada de querer entender os porquês. É muita perda de tempo decifrar olhares dentro de multidões. Bem melhor é esperar que os olhares aproximem-se e te falem o que eles achem necessário dizer.
Estou parada. Digo parada, porque não quero ir além da linha que separa a intimidade de cada um. E estou criando pouco a pouco um muro em torno da minha. Não tem por que ninguém saber das minhas crises, medos, abstinências e coragens. Apenas entro no banheiro, me olho no espelho e digo para qualquer dor que venha a aparecer: você é pouco pra mim.
Mantenho-me presa a essa atmosfera de autocontrole. Não deixa de ser uma prisão quando mantemos o controle. Mas quer saber? É bom ter visto tantos filmes a ponto de saber muito bem do que se trata o próximo. E eu sei muito bem o que virá depois. Virá o medo de perder toda essa segurança e de-sa-bar. Devo construir uma cúpula mais forte da próxima vez, quem sabe de ferro. Agora compreendo porque devemos ser mais criteriosos quando o assunto for: autoconhecimento.
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