quarta-feira, 11 de abril de 2012

Quando a dor se torna parte.


E agora, eu já não caibo mais dentro de mim mesma. Essa solidão, esse medo e esse desespero me fazem ficar mil vezes mais densa. Como conter as lágrimas se elas são quem tem sido a válvula de escape?  Meu corpo todo dói e os meus ombros já sentem o peso do cansaço. Tudo isso só não consegue ser maior que a própria dor. Tudo isso só não consegue ser mais pesado do que o meu coração.

Olho-me rapidamente no espelho. Digo rapidamente porque já não consigo mais encarar meus próprios olhos; pretos e fundos revelam as noites mal dormidas. Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que sentimos. E essa "coisa" não tem cura porque a coloquei no centro da minha existência. E pra ser sincera, eu não esperava menos que isso. Dores, cada um tem as suas. Não podemos julgar a dor alheia, mas nosso egoísmo sempre nos faz crer que a nossa é maior.
No papel em branco vejo o rímel escorrendo junto com as lágrimas. O lápis está vazado de água. O que fazer? Algum lugar deve me caber. Alguém deveria ao menos entender toda essa dor. Como é azeda, como é pobre e como se tornou intrínseca essa dor. Ela é latente e esperta. Finge que vai embora quando rapidamente me iludo com miolos de felicidades. Bobagem! Ela sempre volta e me corta por inteira. Ninguém nunca sabe quando ela está ao meu redor, porque ela apenas se apresenta quando estou só.
Qualquer coisa por maior que seja ainda é menor que essa excruciante desolação. Ninguém além de quem a causou pode curá-la. Agora; estou irremediavelmente entregue para ela. Jogo meu corpo no chão frio, encho o peito de ar (ainda que não o ache), tomo mais uma amitriptilina e tento dormir. Continuo tendo milhões de motivos pra virar a página, mas nenhum que me faça ter coragem.

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